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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Manuel que dê-me licença poética


Queria não me significar 
com o que é insignificante 
e queria não viver 
como se um segundo 
fosse todo o tempo que importa.
Queria matar 
a insegurança molhada
e plantar orégano 
no jardim de grama falsa. 
Queria não ter 
que me equilibrar
nos segundos restantes 
para ler um trecho de livro. 
Queria que o ar parasse de me faltar.
Queria salvar minha desordem 
aceitar a delicadeza
(que insistem colocar em mim)
e o medo das palavras 
não ditas.
Queria respirar para e por agradecer. 
Queria respirar. 
Mas a vida 
ah, ela é
é o meu tango argentino.

Poesia de Manuel Bandeira.
Fotografia de autoria própria.